Vitória segue sem dar espaço para a base na Série A e completa mais uma rodada sem pratas da casa em campo

O empate por 2 a 2 diante do Juventude, no último sábado (16), no Barradão, trouxe à tona um dado preocupante sobre o Vitória. O Leão é a única equipe da Série A que ainda não escalou atletas formados em suas divisões de base na atual edição.

A exceção é o goleiro Lucas Arcanjo, de 27 anos, que tem sido utilizado com frequência, mas já não se enquadra mais no perfil de revelação. Todos os outros atletas sub-23 que vestiram a camisa do Leão no Brasileirão vieram de contratações de fora do clube.

Fábio Carille cita calendário como obstáculo

Na coletiva após o empate com o Juventude, o técnico Fábio Carille foi questionado sobre a ausência de jovens revelados na Toca do Leão. O treinador justificou que o calendário apertado tem dificultado um acompanhamento mais próximo das categorias inferiores.

“Estou há um mês no clube. Nos primeiros 15 dias eu tive cinco jogos. Minha ideia a partir de agora é acompanhar os jogos e treinos do sub-20 e sub-17. Acredito que tenham moleques com potencial ali, mas preciso conhecer melhor para colocar dentro de campo”, afirmou.

Problema antigo

A falta de espaço para os jovens não é de hoje. Em maio, quando ainda comandava o Vitória, Thiago Carpini já havia criticado a situação da base rubro-negra, relembrando que o clube chegou a perder o certificado de formador.

“Quando Fábio Mota chegou aqui o Vitória não tinha o certificado de clube formador. A base do Vitória estava acabada. Aquela base que revelou talentos para o mundo não existe mais. Quem dera eu que tivesse”, disse após a derrota para o Santos, no dia 25 de maio.

De fato, o último jogo em que um jogador formado no clube entrou em campo – exceto Lucas Arcanjo – foi em 26 de março, contra o Moto Club, pela Copa do Nordeste. Na ocasião, Carpini escalou uma equipe sub-20, já que o time principal estava classificado.

A promessa da diretoria

Apesar da atual ausência de pratas da casa no elenco, o presidente Fábio Mota garante que o futuro é promissor. Em coletiva no dia 30 de maio, o dirigente assegurou que a base rubro-negra voltará a ser referência em breve.

“Nós teremos uma base forte e sólida no máximo daqui a dois ou três anos. É evidente que a gente tem grandes valores na base. Os jogadores do sub-17 e do sub-20 do Vitória são monitorados por quase todos os clubes. Vira e mexe, a gente recebe sondagem de jogadores”, declarou.

Mota também destacou conquistas recentes, como o título do Sub-17 diante do Palmeiras, a final da Série B do Brasileiro da categoria contra o Avaí e a subida para a Série A do Sub-20.

“Nossa base está se tornando forte. Os maiores investimentos que fiz foram na base. Sem sombra de dúvidas, daqui a dois, três anos a gente volta a ter aquela base forte, pelo menos 50% dos jogadores da base”, completou.

Enquanto a promessa de um futuro melhor não se concretiza, o torcedor vê o presente com preocupação: um Vitória sem espaço para suas próprias revelações em meio à luta para permanecer na elite do futebol brasileiro.