História do Esporte Clube Vitória

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História do Esporte Clube Vitória

Em meio a uma noite chuvosa, os irmãos Valente, Arthur e Arthêmio, reuniram um grupo de amigos pelos mais representativos jovens da sociedade baiana, no casarão da família, situado no tradicional Corredor da Vitória, Bairro nobre de Salvador. Desta reunião, viria nascer um dos mais antigos times de futebol do Brasil, o Vitória.

Na época, seu primeiro nome de batismo, foi Club de Cricket Victória. Como quase todos os idealizadores da ideia, residiam no bairro da Vitória, optaram pelo nome Victória, pela forte influência da língua inglesa na época, e por se tratar de um time de críquete. Esse esporte era apreciado pelo povo baiano na época.

Naquele momento, o críquete era praticado apenas por ingleses que residiam em Salvador, restando aos brasileiros a tarefa de buscar e repor as bolas no campo, assim como os gandulas. Com a meta de combater essa discriminação, as cores iniciais do time foram verde e amarelo. Porém a dificuldade de encontrar tecido nessas cores, fez com que fossem escolhidos inicialmente o preto e o branco.

Em outubro de 1901, José Ferreira Júnior, o Zuza, volta de uma viagem feita para Inglaterra, trazendo para a Bahia, a primeira bola de futebol e um livro de regras, e promove a primeira partida não oficial registrada em Salvador, no Campo da Pólvora.

Alguns anos depois, Zuza chegou a jogar pelo Victória em partidas amistosas. No ano de 1902, o Victória adotou o futebol como sua modalidade, assim como natação, atletismo e o remo. Ainda no ano de 1902, o clube muda de nome, para Sport Club Victória, pois o críquete já não era mais único esporte praticado pelos baianos.

Através da sugestão de Cesar Godinho Spínola, o clube adotou vermelho e preto como cores principais do time. Nesse mesmo ano, os remadores Rubro-negros conseguiram um feito inesquecível, eles sairam do Porto da Barra até o Porto dos Tainheiros, em Itapagipe. A conquista, teve tanta repercussão, que originou o apelido de Leões da Barra, para os atletas, e futuramente, para os próprios torcedores do Vitória.

O Início no futebol

Oficialmente, a primeira partida de futebol do Vitória, aconteceu em 13 de setembro de 1902. A partida foi muito disputada, e ficou marcada pela inauguração do Campo dos Mártires, posteriormente chamado de Campo da Pólvora, o Leão derrotou o São Paulo Bahia FC, time formado por integrantes da colônia paulista, por 2 a 0.

Em 1905, foi fundada a Liga Baiana de esportes terrestres, com quatro clubes: o Sport Clube Bahiano, o Clube Internacional de Críquete, o São Paulo Bahia Football Club e o Sport Club Victória. A primeira vitória do Leão em jogos oficiais ocorreu em 30 de abril de 1905, na disputa do 1º Campeonato Baiano, quando o Rubro-Negro goleou o Sport Club Bahiano por 4 a 0.

Primeiros títulos

O Vitória iniciou sua jornada de conquistas no futebol, após ter sido vice-campeão de duas edições do campeonato Baiano, no ano de 1906 e 1907. Em 1908, se consagrou pela primeira vez, campeão baiano, num campeonato disputado apenas por três clubes pela primeira vez, devido a saída do Bahiano.

O bicampeonato veio no ano seguinte. O clube passava pela era do amadorismo, mas já figurava entre os profissionais. A partir então, de 1910 a 1952, o clube amargou um jejum de títulos, devido a esse mesmo amadorismo, vivendo o pior momento de sua história.

História do Esporte Clube Vitória

Após ser vice-campeão por mais duas ocasiões, em 1911 e 1912, a Liga foi dissolvida por divergências internas. Feito assim, outra liga tomou frente do campeonato, em 1913, dessa vez admitindo jogadores e clubes de classes inferiores, e principalmente, negros. Decisão essa, que não agradou os clubes da “velha guarda”.

O Vitória e outros times, que faziam parte da organização dos campeonatos, até então, não concordaram com o novo regulamento, abrindo espaço para outros clubes se inscreverem. Sendo assim, de 1913 a 1919, o Leão não participou da competição, deixando que outros times se consolidassem no estado, e tomassem frente dos títulos baianos.

Em 1920, o Vitória voltou a disputar o campeonato, mas não conseguiu desempenhar bem naquela edição. Nas décadas de 30 e 40, os jogadores Rubro-negros eram em sua grande maioria, universitários, que deixavam o time assim que terminavam os estudos. Quando não, o Vitória perdia os jogadores para outros times que ofereciam bons salários.

Apesar desses problemas, o rubro-negro conseguiu se sagrar hexacampeão do Torneio Início, em 1926, 1941, 1942, 1943, 1944 e 1949, torneio de grande credibilidade na época e que não deixou o time da Barra ser esquecido pelos torcedores.

Década de 50

Os esportes olímpicos continuaram sendo a prioridade do Vitória até o início da década de 1950, quando o Vitória ainda não tinha se profissionalizado totalmente, já tinha deixado de disputar diversos campeonatos e, assim, não conseguido títulos por um bom tempo.

Esse jejum foi quebrado em 1953, já adotando o profissionalismo no futebol, numa partida emocionante contra o Botafogo-BA quando conquistou seu terceiro título do Campeonato Baiano e que teve como grande destaque Quarentinha, artilheiro da competição.

Bicampeonato e o boicote da imprensa

Após conquistar o primeiro turno do Campeonato Baiano de 1964, um jornalista divulgou no seu jornal que o time rubro-negro vinha escalando um jogador irregular na conquista da primeira parte do certame. Tal jornalista, alguns dias depois, foi agredido num ônibus e Ney Ferreira, presidente do Vitória, e seu diretor de esportes, Henrique Cardoso foram acusados do ato.

Essas acusações serviram para que a imprensa boicotasse qualquer notícia dos dois campeonatos que o time da Barra veio a conquistar.

O professor Paulo Leandro, no seu trabalho “O jornalista e o Cartola”, lembrando do Esporte Jornal, único meio de comunicação que continuou a noticiar sobre o Vitória, relatou o fato que até hoje é lembrado pelos torcedores:

Nenhum veículo impresso, exceto o Esporte Jornal, noticiou o título do Vitória, um fato raro no mundo, em se tratando de um grande clube, capaz de mobilizar multidões e gerar um mercado rentável”

Campeonato Baiano de 72 e Brasileirão

O rival tricolor do Vitória dominava o cenário estadual, nas décadas de 1930 e 40. Ao Leão, restava tentar acabar com essa hegemonia. Na década de 1960, o Vitória já havia conquistado um histórico bicampeonato, e em 1972, o Vitória conquistou mais uma vez o título Baiano, quando o Rubro-Negro contava com um ataque feroz, um quarteto avassalador formado por Osni, André Catimba e Mário Sérgio.

O time daquele ano é lembrado como um dos melhores de todos os tempos do Vitória. O primeiro turno, foi conquistado pelo rival. No segundo turno, a decisão foi em um Ba-vi, com o Vitória saindo vencedor. O terceiro turno foi decidido nos pênaltis, dessa vez, o Vitória saiu derrotado.

Assim, a final do campeonato seria decidida em mais um clássico, a décima decisão do estadual com um Bahia e Vitória. O Vitória precisava vencer os dois jogos para sagrar-se campeão, e venceu, com dois gols de Osni e um de Catimba, o Vitória acabou saindo vitorioso por um placar de 3 a 1, o segundo jogo, depois de ter triunfado por 2 a 1 no primeiro, e sagrou-se pela primeira vez, campeão baiano invicto.

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Ainda em 1972, o Vitória fez sua estreia no Campeonato Brasileiro de Futebol, após ter ficado de fora da edição de 1971. Ficou na vigésima colocação, entre 26 equipes, com seis vitórias, dez empates e nove derrotas.

Faria, no entanto, uma partida histórica, recebendo o Santos de Pelé na Fonte Nova, no dia 17 de setembro de 1972, onde venceu por 1 a 0, com gol de Almiro.

No ano seguinte, o Vitória também venceria o primeiro Ba-Vi ocorrido em campeonatos brasileiros, batendo o Bahia por 1 a 0 na Fonte Nova, com gol de Mário Sérgio. Manteve-se invicto contra o rival em competições nacionais até 1977.

Década de 80: Surgimento do “Nêgo”

O grito mais famoso dos torcedores do Vitória, o “Nêgo”, foi criado depois de um erro da torcida, que aconteceu em 1981, num jogo contra o Grêmio, válido pelo Campeonato Brasileiro.

Depois de começar o segundo tempo perdendo por 1 a 0, a Vitoraça, torcida organizada do time, procurou motivar os jogadores com seus gritos. Um deles, o “Leeeeãããão”, que seria usado pela primeira vez, acabou pegando, mas de outra forma.

O resto do estádio ouviu errado e acabou gritando “Nêêêêgoooo”, e hoje o grito é o mais usado nos jogos do rubro-negro.

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Década de 90: hegemonia estadual

A década de 1990 foi a década da virada na história leonina. A nova diretoria veio com pompa e promessas de tornar o Vitória em um clube de ponta do Brasil. A primeira conquista, foi a independência financeira e quitação de dívidas, já que o clube ainda vivia de doações e favores de seus torcedores ilustres.

A gestão ficou marcada pelo alto investimento nas categorias de base, o que rendeu resultados, foram seis conquistas do Campeonato Baiano de Futebol, 1990, 1992, 1995, 1996 e 1997. Com isso, o Vitória confirmou uma hegemonia estadual e diminuiu a larga vantagem do arquirrival em títulos estaduais.

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Década de 2000

A década de 2000 começou da mesma forma que a de 1990, com outro bicampeonato baiano. O ano de 2001 foi o único da década que o Vitória não comemorou alguma conquista. Em todos os outros, o título estadual ou uma promoção foi motivo de orgulho para os torcedores, como aconteceu nos dois anos seguintes, quando venceu os Campeonatos Baianos de 2002 e 2003, além da Copa do Nordeste de 2003.

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O ano de 2004 foi um dos anos mais irregulares e estranhos pode-se dizer assim da história do clube. Com contratações de peso como os baianos campeões do mundo pela Seleção Brasileira em 2002, Vampeta e Edílson, esperava-se muito do time no ano.

O começo foi muito bom, após ganhar o Campeonato Baiano de 2004, a Taça Estado da Bahia de 2004 e um início avassalador, ficando na ponta do Brasileiro e chegando às semifinais da Copa do Brasil, diversos problemas financeiros, abateram o elenco ainda no primeiro turno do Brasileirão e o Vitória entrou em queda livre e foi rebaixado para a Série B do ano seguinte.

Tetracampeão Baiano e Série C

A esperança de retorno do time à elite do futebol brasileiro no ano seguinte, foram aumentadas após o bicampeonato da Taça Estado da Bahia e o inédito e histórico tetracampeonato baiano em 2005, e de maneira invicta.

Apesar das conquistas regionais, o time sofria com uma fraca defesa. Na Série B daquele ano, apesar de lutar bastante, o time mais uma vez, sofreu com problemas internos e despencou na tabela, mesmo assim, as chances de caírem, eram remotas.

Era preciso uma combinação de pelo menos, quatro resultados para fazer o Leão ser rebaixado para a Série C. Mas o que parecia impossível, infelizmente aconteceu. E junto com seu maior rival,

o Vitória sentiu o amargo de jogar a Série C pela primeira vez em sua história.

Volta por cima e retorno à Série A

Depois de ter conquistado o tricampeonato da Taça Estado da Bahia em 2006, o Vitória, com um elenco formado basicamente por apostas e revelações, conseguiu fazer uma campanha não tão brilhante, mas melhor do que todos esperavam, se tornando vice-campeão daquele ano do Brasileirão e subindo para a Série B do ano seguinte.

No ano de 2007, as expectativas eram maiores e de muita competitividade, na tão aguardada Série B daquele ano. Incrivelmente, o Vitória conseguiu manter uma regularidade quase nunca vista na sua história, permanecendo nas primeiras posições do campeonato, e voltando para a tão sonhada elite.

Time consistente na elite e Copa Sul-Americana

No ano de 2008, o Vitória começou mal o Campeonato Baiano, terminando a primeira fase na terceira colocação. Porém, como o futebol é uma caixinha de surpresas, o Vitória conquistou mais um bicampeonato baiano. Porém todos só tinham em mente o retorno do Leão Rubro-Negro à Série A, depois de três anos fora.

A torcida parecia não acreditar na fase do time. O Leão terminou o primeiro turno em quinto lugar, a uma posição de uma vaga na Copa Conmebol Libertadores. No segundo turno, devido à saída de alguns jogadores, o clube acabou perdendo posições e a chance de jogar o maior torneio das Américas, terminando o Brasileiro em décimo lugar, e conquistando uma vaga para a Sul-Americana.

No ano de 2009, veio o tricampeonato estadual. No mesmo ano, aconteceu a primeira participação leonina na Sul-Americana. Infelizmente, o Vitória não se impôs no campeonato continental e foi eliminado nas oitavas de final pelo River Plate (do Uruguai).

No Brasileirão, após um começo excelente, ficando no “G4” por 12 rodadas, acabou tendo a mesma queda livre do ano anterior, e terminou o certame em 13°, garantindo, ao menos, uma vaga na Copa Sul-Americana de 2010 pelo segundo ano consecutivo.

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Década de 2010

No ano de 2010, o Vitória passou o carro por cima de todos os seus rivais, e se consagrou tetracampeão baiano, ao derrotar novamente o Bahia na final. Com o segundo tetra consecutivo, foi, ao lado do Fortaleza, o campeão estadual da década, como o maior vencedor brasileiro de campeonatos estaduais, com oito títulos.

Na Copa do Brasil, o time chegou pela primeira vez, na final da competição, enfrentando aquele time estrelado de Neymar e companhia. Após perder de 2 a 0 na Vila Belmiro, venceu por 2 a 1 no Barradão e acabou vice-campeão daquela edição

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Em seu segundo ano disputando a Copa Sul-Americana, o time conseguiu jogar bem no primeiro jogo, ganhando por 2 a 0 do Palmeiras no estádio do Barradão, porém, no jogo da volta, o rubro-negro baiano foi surpreendido com uma reação do time paulista, incentivada por mais de 20 mil torcedores no estádio do Pacaembu, onde o Palmeiras acabou vencendo a partida por 3 a 0, dando fim a chance do Vitória chegar à fase internacional da competição.

O Campeonato Brasileiro nos reservaria a tragédia daquele ano. O Leão acabou amargando mais um rebaixamento, ao terminar a competição na décima sétima colocação, precisando vencer o Atlético Goianiense na última rodada no Barradão. Apesar da torcida Rubro-Negra ter lotado a Arena, o time não conseguiu assinalar nenhum gol, cravando assim, mais um rebaixamento.

Retorno a primeira divisão

No ano de 2012, após um primeiro turno avassalador do time leonino na Série B, um segundo turno não tão esperado bateu à porta. Com algumas derrapadas, a diretoria do Vitória optou por trocar de treinador, Paulo César Carpegiani foi demitido, sedendo espaço para PC Gusmão, a quatro rodadas no final do campeonato.

A saída surtiu efeito, e mesmo com algumas deslizadas, o Vitória conseguiu cravar seu retorno à primeira divisão do futebol brasileiro, depois de dois anos, com um empate diante do Ceará na última rodada, diante um Barradão lotado.

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Em 2013, Após dois anos longe da elite do futebol brasileiro, o Vitória estreou no Brasileirão no dia 25 de maio, com um empate de 2 a 2 contra o Internacional na Arena Fonte Nova. O Vitória iniciou na frente, mas cedeu ao empate.

Até a pausa do campeonato por conta da realização da Copa das Confederações, o Vitória tinha somado 10 pontos, ficando na vice-liderança, com três vitórias, um empate e apenas uma derrota.

No segundo turno, o Vitória começou com um novo empate diante do Internacional por 2 a 2, em Novo Hamburgo, resultado considerado bom para os rubro-negros, pois enfrentam seu maior problema atualmente: partidas disputadas fora de casa.

Nas duas rodadas seguintes, o Leão arrancou duas viradas contra o Náutico no Barradão e o Vasco da Gama no São Januário, e em seguida, empatando com o Grêmio e ganhando do Atlético Paranaense novamente fora de casa e Goiás, na Arena Fonte Nova, aumentando uma série invicta de 7 jogos.

Com a quinta colocação alcançada, o Vitória termina 2013 com a melhor campanha de um clube nordestino na era de pontos corridos no Brasileirão.

2014: Um ano pra se esquecer

No Campeonato Brasileiro, após uma campanha sem brilho, que nem de longe lembrou o que aconteceu em 2013, o time acabou sendo rebaixado para a Série B de 2015, sacramentado na última rodada do Brasileiro, diante do Santos em casa, perdendo por 1 a 0, gol de Thiago Ribeiro aos 49 min do segundo tempo.

Infelizmente, após o rebaixamento do ano de 2014, o Vitória nunca retornou a primeira divisão e hoje, amarga a Série C do Campeonato Brasileiro.