Exclusivo: Repórter do MeuVitória marca presença na arquibancada e analisa derrota do Leão

Alexandre Neto, PhotoPress/Gazeta Press

O Esporte Clube Vitória viajou para o Rio de Janeiro para estrear na Copa do Brasil diante do Nova Iguaçu, e saiu eliminado após uma atuação impotente na defesa, no meio-campo e no ataque. Durante todos os 90 minutos, o repórter Diogo Nogueira, do portal MeuVitória, esteve no setor visitante do estádio Jânio Moraes e analisou o que levou o Leão a amargar mais um vexame na temporada. A derrota por 2 a 0 foi construída por meio de diversos aspectos:

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DIFICULDADE PARA ROMPER A DEFESA ADVERSÁRIA

O Vitória até conseguia chegar ou se aproximar da área do Nova Iguaçu, procurando atacar, contudo, era apenas isso. O poder de decisão do time é péssimo. Não há nenhum tipo de conexão entre os meias e os pontas para a criação de jogadas, e a bola chega muito pouco em Léo Gamalho, que demonstrava impaciência. Uma troca de passes do Leão buscando o ataque terminava constantemente em uma roubada de bola do adversário, e quando o Vitória via algum espaço a se aproveitar, o equívoco era grande. Não há camisa 10 que proporciona ações ofensivas no elenco atual, essa é uma fragilidade.

ATAQUE PASSIVO E SEM OBJETIVIDADE

Causa um tanto de repugnância o Vitória deste começo de temporada indo a caminho do ataque. Não há ideias com fundamento para chegar com perigo e finalizar no alvo. A bola parece uma inimiga da equipe. Um belo exemplo da falta de objetividade para chutar é o lance que ocorreu aos 16 minutos do segundo tempo entre Nova Iguaçu x Vitória. Zeca clareou bem a jogada pela direita e cruzou para Santiago Tréllez, que ficou de cara para o gol, o X da questão é que ele preferiu cortar o zagueiro para finalizar com a “perna boa”, e nesse meio tempo foi desarmado. Essa oportunidade perdida enfureceu a torcida rubro-negra. O time simplesmente não chuta, é passivo quanto a isso, e quando consegue alguma finalização é algo que soa despretensioso. Os números da partida comprovam a minha análise, o Nova passou de 20 finalizações, já o Leão não chegou a 10.

MEIO-CAMPO COM PROBLEMAS DE RACIOCÍNIO LÓGICO

Nesta temporada, o meio-campo do Vitória não sabe sair com a bola nos pés e nem auxilia bem na marcação. O raciocínio lógico da equipe não funciona na maior parte do tempo, pois na hora que Léo Gomes ou Eduardo iniciam a saída de bola o desfecho é um fracasso, seja com lançamentos sem direção exata, passes displicentes oferecendo contra-ataque para o adversário, e ainda há bolas forçadas que acabam interceptadas. Além disso, as peças do meio-campo não ajudam na recomposição defensiva. O futebol de hoje em dia exige raciocínio rápido, e o Vitória não tem o lógico. Sabe aqueles passes que quebram linhas de uma defesa? O Rubro-Negro não sabe o que é isso, algo fora da realidade desse time comandado por Léo Condé.

ESPAÇO OFERECIDO PELA DEFESA

O que dizer de Camutanga e Dankler? Os dois principais alvos de crítica do torcedor, os zagueiros rubro-negros se mostram inseguros com e sem a bola nos pés e deixam os adversários em situação confortável para atacar. É perceptível que não existe pressão na marcação. Sem sombra de dúvidas, o ponto mais fraco do Vitória é a defesa e, para aproveitar uma série de fragilidades, o outro time em campo não precisa ser extraordinário, critérios como organização e visão de jogo já bastam. No primeiro tempo, a zaga já havia sofrido investidas de ataque do Nova Iguaçu e viveu mais perigosamente ainda no segundo tempo, que foi dominado pela equipe carioca. A derrota poderia ter sido mais vergonhosa pelo volume de jogo do Nova Iguaçu na segunda etapa, todavia, por detalhes o placar não aumentou. Sem esquecer que: Os laterais não tem ajudado em nada também. Zeca, Guilherme Lazaroni e Railan são pouco combativos na marcação, facilitando o avanço do adversário.

PSICOLÓGICO ABALADO

Quando um time começa a engatar sequências negativas, o fundo do poço referente ao psicológico é capaz se tornar grande. Antes do jogo de ontem, o Vitória ainda estava tentando se recuperar da eliminação no Baianão. Há uma crise interna, afetando os jogadores e todo o plantel, e uma externa, o que pressiona o presidente Fábio Mota. A desclassificação na Copa do Nordeste também está praticamente definida. A essa altura, todas as ações do Leão dentro de campo tem influência com o clima instaurado neste momento e, dessa forma, todo treino físico a ser feito deve ser em vão. Por que isso? A questão física e psicológica geralmente possuem interligação, isto é, se um grupo não está bem em um aspecto, não estará em outro também. O clube deve ter alguém que trabalhe com esse fator, cuidar dos bastidores é algo super complicado e isso deve ser guiado da forma mais profissional possível. O psicológico de um time tem sido um dos assuntos mais debatidos no futebol atualmente.

ESTILO DE JOGO INEXISTENTE

Qual é estilo de jogo do Vitória desse começo de temporada? É o de propor o jogo e tomar a iniciativa? É ser reativo e aproveitar os contra-ataques? É um padrão de jogo que aprecia a posse de bola e troca passes no intuito de envolver o adversário? Não é nenhum desses, e eu não sei dizer qual é. O Rubro-Negro baiano não tem velocidade nos momentos que avança em direção ao ataque e não têm jogadores com visão de jogo suficiente para pôr em prática passes rápidos e decisivos. O que mais define o Vitória até aqui é desorganização. Léo Condé ainda tem tempo para mostrar que pode fazer mais pelo time, mas por enquanto é isso, há uma impotência evidente em todos os setores do campo. A defesa é o que mais preocupa.

Para não dizer que houve apenas aspectos negativos em Nova Iguaçu x Vitória, vale destacar a atuação de Lucas Arcanjo. O goleiro do Leão foi bem ao enfrentar atacante cara a cara, impediu um desastre maior, que poderia ter sido 4 a 0.