Por: Yves Martinez
O Vitória segue avançando na estruturação de um modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF), com a consultoria do renomado advogado André Sica, sócio do escritório CSMV Advogados, referência na área. Em entrevista ao canal Sports Market Makers, Sica detalhou o andamento do projeto, destacou a importância da reestruturação financeira conduzida pela atual gestão e enalteceu o patrimônio do clube como um atrativo para investidores.
Segundo o presidente do Vitória, Fábio Mota, o planejamento para uma SAF só começou após a regularização financeira do clube. “O pensamento de SAF começou quando começamos a organizar a vida do clube. Não adianta tentar fazer SAF devendo a todo mundo. O Vitória hoje está com suas contas em dia e pronto para receber investimento”, declarou o mandatário rubro-negro.
Sica reforçou essa visão ao explicar que o Vitória precisou passar por um rigoroso processo de reestruturação antes de pensar em abrir sua gestão para investidores. “Eles fizeram um RCE, que é um Regime Centralizado de Execuções, desoneraram a folha de pagamento e criaram um plano de pagamentos que permitiu ao clube obter a Certidão Negativa de Débitos (CND). Isso mostra a responsabilidade da gestão. Em determinado momento, enquanto o Vitória enfrentava dificuldades na Série A, a diretoria tomou a decisão de não comprometer as finanças com gastos excessivos, diferente de outros clubes que optaram por investimentos agressivos sem o devido planejamento”, destacou o advogado.
Além da organização financeira, outro fator que torna o Vitória um clube atrativo para investidores é sua estrutura física e patrimonial. Sica destacou que poucos clubes no Brasil possuem um centro de treinamento tão completo e bem localizado.
“O Vitória é um colosso em termos patrimoniais. Eu até brinquei com o Fábio outro dia e disse que ele deveria chamar o complexo de ‘Cidade do Leão’, porque são seis ou sete campos de treinamento, uma estrutura de categoria de base completa, escolinhas, tudo localizado no mesmo espaço que leva ao Barradão”, descreveu.
O advogado também comentou sobre a possibilidade de modernização do estádio do clube. “O Barradão tem uma característica muito interessante. Ele foi construído na encosta, ou seja, já tem uma estrutura natural que favorece uma possível transformação em arena. Reformar o Barradão seria muito mais simples do que reformar muitos outros estádios do Brasil, porque a base estrutural já favorece esse tipo de modernização”, explicou.
Apesar da rivalidade histórica dentro de campo, Sica revelou que, nos bastidores, Vitória e Bahia mantêm uma relação profissional saudável. Tanto que, antes de aceitar o convite para trabalhar no Vitória, ele buscou um aval do CEO do Bahia, Raúl Aguirre.
“Eu falei com Raúl, e ele me disse: ‘Muito pelo contrário. Vá lá, faça o melhor trabalho. Um futebol importante precisa de um rival saudável no Estado’. Isso mostra uma maturidade enorme na gestão dos dois clubes, algo que muita gente não enxerga”, comentou Sica.
Ele também elogiou o presidente do Vitória, Fábio Mota, pela maneira como tem conduzido o clube. “O Fábio é um dos dirigentes mais divertidos do país. Ele é incisivo e espirituoso ao mesmo tempo, então tem sido uma experiência maravilhosa trabalhar com ele”, afirmou.
Sobre o modelo de SAF a ser adotado pelo Vitória, Sica explicou que seu trabalho consiste em desenhar um processo que seja viável tanto para o clube quanto para potenciais investidores. “O nosso objetivo é criar um modelo que seja palatável para o Vitória e que possa ser implementado no curto ou no longo prazo, dependendo da necessidade. Mas o ponto principal é que ele precisa ser atraente para investidores”, ressaltou.
Ele alertou que não adianta apenas criar uma SAF sem que haja um real interesse do mercado. “Não adianta fazer um modelo de SAF que o clube ache incrível, mas que ninguém queira comprar. Isso é algo que conversei até com o conselho do Vitória. A gente precisa criar algo que seja um equilíbrio entre aquilo que o Vitória quer e aquilo que os investidores enxergam como uma boa oportunidade”, explicou.
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