Vitória salta em receita, mas dívida de R$ 307 milhões ameaça futuro e SAF vira prioridade

SAF, Vitória
SAF, Vitória - Foto: Victor Ferreira / ECV

O Vitória apresentou em 2024 um dos maiores crescimentos financeiros do futebol brasileiro, mas o avanço veio acompanhado de riscos cada vez mais altos. Segundo relatório da consultoria PLURI, o clube faturou R$ 186 milhões no ano, um crescimento impressionante de 157% em relação a 2023.

O salto foi impulsionado sobretudo pelos contratos de TV (R$ 100,3 milhões), pela explosão das receitas de matchday (R$ 40,6 milhões, aumento de 228%) e pelo bom desempenho do setor comercial (R$ 43,3 milhões).

Foto: Victor Ferreira / ECV

Apesar do faturamento histórico, as despesas dispararam 135%, alcançando R$ 227 milhões, sendo R$ 191 milhões destinados ao departamento de futebol. O resultado foi um EBITDA negativo de R$ 12 milhões e um déficit final de R$ 41 milhões, 71% pior do que o registrado em 2023.

A queda drástica nas vendas de atletas, que recuaram 73% e renderam apenas R$ 2 milhões, ampliou o desequilíbrio. No balanço patrimonial, o quadro é ainda mais delicado: a dívida líquida subiu 24% e atingiu R$ 307 milhões, valor equivalente a 1,7 vez a receita anual.

A necessidade de capital de giro chegou a R$ 115 milhões, enquanto o patrimônio líquido negativo alcançou R$ 275 milhões. No ranking da PLURI, o Vitória recebeu rating “B” (altamente especulativo), com grau de transparência 5,7 e índice geral de gestão financeira 6,0 (Regular Alto).

O estudo destaca que o Vitória enfrenta um impasse estratégico: investir para se manter competitivo pressiona as contas, mas cortar custos ameaça resultados esportivos e receitas. Nesse cenário, a transformação em SAF surge como o caminho mais indicado para atrair um investidor capaz de capitalizar o clube, reestruturar dívidas e garantir sustentabilidade de longo prazo.

SAF, Vitória
Vitória, SAF – Foto: Victor Ferreira / ECV

Números-chave de 2024 – Vitória

  • Receita total: R$ 186 milhões
  • TV/Broadcasting: R$ 100,3 milhões
  • Matchday: R$ 40,6 milhões
  • Comercial: R$ 43,3 milhões
  • Vendas de atletas: R$ 2 milhões
  • Despesas totais: R$ 227 milhões (futebol: R$ 191 milhões)
  • EBITDA: -R$ 12 milhões (margem -6,9%)
  • Resultado final: -R$ 41 milhões (margem -23%)
  • Dívida líquida: R$ 307 milhões (1,7x receita)
  • Patrimônio líquido: -R$ 275 milhões